quinta-feira, 15 de julho de 2010
É cafona, mas é bonito.
Ah, eu sei que o texto é piegas. Mas, como diria o Renato Russo, "é cafona, entendeu? Mas é bonita..."
Segue o texto.
O que temos visto por aí? Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez menores e mais transparentes, com suas danças e poses em closes ginecológicos, cada vez mais siliconadas, corpos esculpidos por cirurgias plásticas, como se fossem ao supermercado e pedissem o corte como se quer. Mas?
Chegam sozinhas e saem sozinhas!
Empresários, advogados, engenheiros, analistas, e outros mais que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e... SOZINHOS!
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dancers”! Incrível!
E não é só sexo não! Se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida? Sexo se encontra nos classificados, nas esquinas, em qualquer lugar. Mas apenas sexo!
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho, sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico na cama: sexo de academia. De fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçadinhos, sem se preocuparem com as posições cabalísticas.
Essas coisas simples, que perdemos nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamo-nos máquinas, e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples e que a cada dia fica tão distante de nós.
Quem duvida do que estou dizendo, basta dar uma olhada nos sites de relacionamentos "ORKUT", "PARPERFEITO" e tantos outros. Veja o número de comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" e até a desesperançada "Nasci pra viver sozinho!" Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários, em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis. Se olhamos as fotos de antigamente, temos certeza de que não são as mesmas pessoas. Mulheres lindas estão se plastificando, se mutilando em nome da tal "beleza"...
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento, e percebemos a cada dia mulheres e homens com cara de bonecas, sem rugas, sorriso preso e cada vez mais... sozinhos!
Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário. Pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso ter a coragem de encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa.
Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia isso é julgado como feio, démodé, brega,
Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções fazem-nos parecer ridículos, abobalhados... Mas e daí? Seja ridículo, mas seja feliz e não seja frustrado... "Pague mico", demonstre amor... Você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais...
Perceba aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la. Talvez ela seja a pessoa que, mesmo nada tendo a ver com o que você imaginou, seja a mulher ou o homem da sua vida. E quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois. O que realmente não dá é para continuarmos achando que viver é “out”... ou “in”... Que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo, que temos que querer a nossa mulher 24 horas maquiada e que ela tenha que ter o corpo das frutas tão em moda na TV, na Playboy e nos banheiros.
Queira do seu lado a mulher inteligente: "Vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois, ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida"...
Por que ter medo de dizer isso? Por que ter medo de dizer: "amo você", "fica comigo"? Não se importe com a opinião dos outros, seja feliz! Antes ser idiota para as pessoas do que infeliz para si mesmo!
sábado, 5 de junho de 2010
Reflexões aleatórias
Aliás, deveria haver algo que impedisse a gente de escrever textos exceto quando totalmente sóbrios. Um bafômetro ligado na porta USB ou algo assim. Ou não. O álcool faz mal ao fígado, mas talvez funcione como um catalizador de ideias. Ou apenas nos deixe menos críticos quanto aos próprios pensamentos. Mas vamos às reflexões.
Comecemos pela natureza humana. Hobbes (o filósofo, não o tigre do Calvin) disse que somos maus por natureza. "O homem é o lobo do homem", disse ele. Já Rousseau achava que somos bons por natureza. Ambos usaram seus argumentos para fundamentar a teoria de que todos nós abrimos mão de um pedaço de nossa liberdade em favor do Estado para que ele nos ofereça segurança. É a teoria do Contrato Social. Duas observações a fazer.
Primeiro: ao fundamentar com argumentos completamente opostos a mesma teoria, Hobbes e Rousseau provaram que qualquer merda que seja dita, desde que bem fundamentada, pode ser tida como verdade absoluta por muita gente e durante muito tempo. A filosofia é, portanto, um exercício de retórica.
Segundo: a teoria do Contrato Social é mais furada que meia velha. Eu, pelo menos, nunca assinei essa porcaria desse contrato. Você assinou?
Passemos às mulheres. Bom, a Bíblia diz que Deus fez o homem a sua imagem e semelhança. Supondo que Deus exista, que ele seja perfeito, e que o ser humano tenha sido realmente feito a sua imagem e semelhança, parece-me que Deus é, na verdade, Deusa. Sim, porque, convenhamos, se alguém foi feito à imagem e semelhança da perfeição, é muito mais provável que esse alguém seja a Angelina Jolie do que o Brad Pitt. Aliás, já escrevi sobre isso anteriormente.
Terceira reflexão. Festas open bar são uma cilada. Ou você bebe até cair (ou perder a dignidade) ou então vai ficar cuidando de um amigo que bebeu até cair e que provavelmente vai vomitar em cima de você. De qualquer forma, você se ferra.
Expurgadas as reflexões da minha mente para o blog, posso ir dormir. Boa noite.
terça-feira, 11 de maio de 2010
Quem eu quero, não me quer...
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Porra Criciúma!
Quando o Criciúma passou a ser patrocinado pela indústria carbonífera, eu decidi que não compraria uma nova camisa do Tigre enquanto esse patrocínio perdurasse. Não quero ostentar propaganda de uma indústria que deixou um legado de destruição ambiental e um exército de ex-empregados mortos ou inválidos para promover o enriquecimento de uns poucos.
Pois bem. Há algum tempo fiquei sabendo que uma nova empresa patrocinaria o Criciúma. "Acabou meu período de jejum de novas camisas do Criciúma", pensei. Mas decepcionei-me.
A nova camisa do Criciúma continua ostentando o patrocínio da indústria carbonífera, acrescido agora da logomarca de uma outra indústria conhecida pelo seu reiterado desrespeito aos direitos dos seus trabalhadores. Meu jejum vai continuar ainda por um bom tempo, pelo jeito.
Só espero que a próxima camisa do Criciúma não ostente uma suástica...
terça-feira, 13 de abril de 2010
Crescemos...
Estes dez anos imediatamente passaram em flashes frente aos meus olhos, como dizem que acontece com aqueles que encaram a morte. E, de repente, percebi que também eu não sou mais aquele garoto de quinze anos que só pensava em sexo (só pensava...), Grêmio, computadores e escola (necessariamente nesta ordem). Somos homens, temos relacionamentos estáveis, emprego e contas a pagar. Uso terno e gravata cotidianamente e estou em casa em um sábado a noite porque vou acordar cedo amanhã para levar minha loura para fazer o exame da ordem dos advogados... Nossa, EU já sou advogado há quase um ano...
O tempo é um ladrão contumaz que rouba a cada segundo, um segundo de nossa existência e juventude. Não se luta contra ele senão em vão, pois é absoluto, inexorável.
P.S.: Texto originalmente publicado em 28 de agosto de 2005, quando eu era advogado e tinha uma namorada loira...
Manifesto do Destemor
Medo: um sentimento dúbio que se abate sobre nossos corações quando queremos (ou temos que) fazer algo cujas conseqüências podem não ser boas. Mesmo que o máximo que possa ocorrer seja vomitar no meio do parque de diversões. Enfim, o medo é aquela pontadinha no coração, aquele frio na barriga que tenta nos impedir de prosseguir, seja no que for.
Dizem até que o medo é o pai da prudência, aquela virtude que todo mundo tem que ter. Ou, pelo menos, que todo genro deveria ter. Ou seja, o medo é que nos salva diuturnamente da morte prematura, impedindo-nos de pular da Rio-Niterói para se refrescar um pouco no mar.
Pois quanto a mim, às favas com o medo. Melhor o enfarto com a boca cheia de picanha gorda do que a miséria de gosto da salada sem graça. Melhor a rodada com o coração cheio de adrenalina do que a monotonia dos oitenta por hora. Melhor o choro da despedida do que jamais ter ido.
Lambuzar-me-ei sem contar calorias. Beberei até ter o sol por companheiro. Amarei sem medo de coração partido.
Melhor a vida vivida do que viver sem vida.
Criciúma, 5 de abril de 2005. 00:42.
Conspirações da bola!
Aqueles que já assistiram ao filme Teoria da Conspiração (Conspiracy Theory) provavelmente já sabem como se faz uma: pega-se um punhado de coincidências estranhas e cria-se uma história que, mesmo sendo pouco plausível, as explica. É isso que tentarei fazer agora com os estranhos acontecimentos das últimas Copas do Mundo.
Tudo começa na final da Copa do Mundo de 1998. A anfitriã França enfrentaria o sempre favorito Brasil. A seleção francesa fez bons jogos e chegou à final por méritos (e por ter em seu time um craque do quilate de Zinedine Zidane). Mas o Brasil tinha um excelente time comandado por um craque de igual (ou maior) importância: Ronaldo.
Naqueles dias, a França vivia um momento político complicado, com retração econômica e desemprego em alta. O que poderia ser melhor para desviar a opinião pública dos problemas do que a inédita conquista da Copa do Mundo? Nada...
Todos lembram o que aconteceu naquela final: a escalação oficial do Brasil divulgada minutos antes da partida tinha Edmundo no lugar de Ronaldo, mas logo foi alterada para incluir o "Fenômeno". Ronaldo e os outros jogadores brasileiros entraram em campo, mas não jogaram. O Brasil sofreu humilhantes 3 a 0 na final mais suspeita da história. O que teria acontecido?
Aqui começa a especulação: naquele momento, uma cortina de fumaça era tudo o que se queria na França. Por isso, um acerto foi feito com a seleção brasileira: a França seria campeã naquele ano e tudo seria feito para que o Brasil fosse campeão em 2002. Ronaldo teria se negado a participar da farsa e, por isso, foi cortado minutos antes. Convencido (ou forçado) a participar, Ronaldo voltou a figurar entre os escalados.
O resultado do acerto se viu em campo: desânimo e displicência. Ronaldo estava visilvelmente apático. O exemplo mais claro do estado de espírito dos jogadores se viu quando o jogo já estava com o placar com que terminou: mesmo sendo goleado e com o jogo por terminar, um jogador brasileiro (que não recordo o nome) jogou a bola para a lateral para que um jogador francês fosse atendido pelos médicos, para loucura de Edmundo (que, pela reação, ou não sabia da farsa, por ser reserva, ou não concordava com ela). Edmundo, inclusive, em entrevistas posteriores, insinou que algo estranho e desconhecido do público havia acontecido antes do jogo.
A farsa continuou em 2002. Primeiro, o sorteio. O Brasil teve tanta "sorte" no sorteio dos grupos que é difícil acreditar que trata-se de pura sorte. O sorteio foi manipulado.
Depois, o fenômeno coreano. Aqui, juntou-se a fome com a vontade de comer: por um lado, era necessário justificar os gastos da Coréia com a estrutura da Copa; por outro, precisava-se eliminar potenciais adversários do Brasil na busca do título. Assim, Espanha e Itália foram roubados em seus jogos contra a co-anfitriã, que chegou à semi-final contra a Alemanha.
Na semi-final, fazer a Coréia eliminar a Alemanha não era bom negócio. Em primeiro lugar, o público já estava desconfiado com os roubos ocorridos a favor da Coréia. Em segundo lugar, o Brasil não gostaria de ganhar seu título contra a Coréia, que não tem tradição no futebol. E, por último, a Alemanha seria facilmente convencida a ceder o título ao Brasil.
Por quê? Porque a próxima Copa é na Alemanha. Provavelmente, o título da próxima Copa já foi prometido à Alemanha, no acerto que deu o título ao Brasil. É verdade que os jogadores alemães não jogaram tão mal quanto os brasileiros jogaram em 98, mas isso provavelmente se deve ao fato de serem melhores atores do que os brasileiros. Entretanto, os dois gols brasileiros são sintomáticos: o melhor goleiro do mundo "bate roupa" no primeiro, entregando a bola para Ronaldo fazer o gol, e no segundo, ao invés de se esticar ao máximo para tentar alcançar a bola, pula com as duas mãos no chão, apenas para simular uma tentativa de defesa.
Para ser recompensado por seu bom trabalho na farsa, o goleiro alemão recebe o título de melhor jogador do mundo, depois de ter entregue o título para o adversário na final da Copa do Mundo.
Como disse antes, tudo isso é uma especulação. Não tenho como provar o que imaginei e, portanto, não estou acusando ninguém (por favor, não me processem!). Em 2006, minha teoria será posta à prova: se a Alemanha não vencer, a teoria se provará inválida. Caso contrário, a dúvida permanecerá, pois tudo o que aconteceu pode ser apenas parte daquilo que os cronistas chamam de "imponderável do futebol". Ou não...
(Texto publicado originalmente em 29 de setembro de 2003)P.S. de 13 de abril de 2010: Sim, eu errei...
Buraco Quente Município Já!
Santa Catarina vive uma onda de movimentos emancipacionistas que visam desmembrar várias localidades de suas sedes e transformá-los em Municípios "independentes" graças ao abrandamento das exigências por uma lei complementar estadual promulgada no ano passado. A lei diminuiu de cinqüenta para quinze por cento o número mínimo de eleitores que devem comparecer às urnas para aprovar (ou não), por maioria simples, o desmembramento. O que se tem visto desde então é um festival de proposições absurdas, que seriam cômicas se não fossem trágicas, para usar o velho clichê.
O primeiro município aprovado pelo voto popular foi Pescaria Brava, hoje pertencente a Laguna. Pescaria Brava só tem uma rua. A partir de 2005, será uma rua com prefeito.
O segundo foi o nosso Balneário Rincão, que será uma cidade fantasma. Afinal, a maioria dos imóveis do Balneário ficam desocupados durante todo o ano, pois são imóveis de veraneio. Vai parecer aquelas cidades fantasmas de filme americado de western... Mas com prefeito! Ah, e nove vereadores.
O pior é que, nos dois casos, a oposição ao desmembramento foi praticamente nula. No caso do Rincão a oposição resolveu sair da toca nas vésperas do plebiscito, com uma campanha feita de última hora e um slogan que parece ter sido tirado de uma música sertaneja: "Quem ama não separa" (aliás, quem foi o "marqueteiro" deles? O Homem Chavão???). E, mesmo assim, a diferença foi pequena, o que nos leva a crer que, se tivesse sido feita uma campanha melhor, com mais antecedência, a aprovação não sairia. Mas toda essa unanimidade nos preocupa porque, mesmo que todos os argumentos a favor das emancipações fossem irresistíveis e irrefutáveis, toda unanimidade é burra, como nos ensinou Nelson Rodrigues.
É muito sedutor o discurso da emancipação. Quanto menor, mais fácil de administrar, dizem. De fato, administrar uma aldeia é mais fácil que administrar São Paulo. Mas o sistema político em que vivemos exige que cada município possua uma máquina administrativa mínima. E, para criar e manter esta máquina, o município precisa ter um tamanho, uma população e uma arrecadação mínimos. Será que estes municípios, municípios de uma rua só ou fantasmas, têm estes requisitos? Será que é fácil administrar uma aldeia deficitária?
Além disso, há o problema da constitucionalidade da tal lei. Não entrarei em detalhes, mas tudo indica que a lei é inconstitucional. Se esta lei um dia for declarada inconstitucional, a sentença terá efeito ex tunc, ou seja, será retroativa. Todos os atos (no caso, as emancipações) feitos com base na lei inconstitucional serão declarados nulos. Imaginem o transtorno.
Além dos casos citados, existem ainda o do Rio Maina (a prefeitura de Criciúma já firmou posição contrária, o que me deixa mais tranqüilo), o de Estação Cocal e o do Norte da Ilha, que quer se separar de Florianópolis... Um absurdo! A continuar assim, como sugeriu o cartunista Sônego, do jornal Tribuna do Dia, até o Buraco Quente vai querer ser município. E quem nasce no Buraco Quente é o quê? Deixa para lá...
(Texto originalmente publicado em 22 de setembro de 2003)
Nos últimos cem anos, nada pôde ser maior!
Há pouco mais de cem anos, um paulista chamado Cândido Dias da Silva foi morar em Porto Alegre. Junto com ele, foi uma bola. Uma bola daquele novo esporte que arrebatava cada dia mais adeptos: o foot-ball. Vieram as brincadeiras com a bola, e das brincadeiras a vontade de fundar um clube que se dedicasse ao novo esporte. E, no dia 15 de setembro de 1903, 20 jovens se reuniram no Salão Grau (restaurante de um hotel da rua XV de novembro, atual José Montaury) às 20 horas para fundar o tal clube: o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. Nos dias que se seguiram à reunião, outras doze pessoas assinaram a ata, totalizando as 32 assinaturas presentes na ata de fundação do clube.
De lá para cá foram cem anos de glórias e sofrimentos. Foram 33 títulos gaúchos, 4 da Copa da Brasil, 2 Brasileiros, 2 da Libertadores e 1 do Mundo, sem contar com 1 Recopa Sul-Americana e que a partir dos novos critérios do ranking da CBF, o Grêmio passou a liderá-lo. Entre 1956 e 1968, o Grêmio obteve 12 títulos gaúchos em 13, perdendo apenas em 1961. Mas, em 1991, o Grêmio caiu para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro.
Mas mais do que títulos e rebaixamentos, regozijos e sofrimentos, o maior patrimônio do Grêmio é a mística. A mística do clube, das cores, da camisa. É esta mística, do Grêmio batalhador, sofredor, de alma castelhana, que não se entrega, para quem tudo é sempre mais difícil, que faz do Grêmio o grande clube que ele é. E que faz de sua torcida a mais apaixonada, a que chora, a que grita, a que sofre, a que se desespera... A que enfrenta o frio para incentivar o clube na luta contra o rebaixamento... A que mais prazer sente quando seu clube vence. Porque ser gremista não é apenas ter simpatia por um determinado clube de futebol. É ser apaixonado, é se sentir parte do clube, sofrer quando ele sofre e se alegrar quando ele vence. Porque ser gremista é ter feito "um ato de fé" (palavras de Paulo Sant'Anna) tricolor.
Esta mística cria lendas, algumas com fundo de verdade, outras não, mas que simbolizam o papel do Grêmio na vida daqueles que fizeram o "ato de fé". Conta-se, por exemplo, que Lara, "o craque imortal", morreu debaixo das traves tricolores, dando sua vida para evitar um gol contra o Grêmio. E que Osvaldo Rolla, que havia sido demitido do Grêmio naquele mesmo ano de 1961, chorou quando o time que treinava, o Cruzeiro de Porto Alegre, venceu o Grêmio nas últimas rodadas do Gauchão, impedindo o hexacampeonato tricolor (o campeonato era por pontos corridos) e interrompendo o que seria a maior seqüência de títulos gaúchos da história. Hoje, Renato Portaluppi e Danrlei dizem aos quatro ventos que jamais jogariam no rival. Porque ser gremista é, acima de tudo, ser fiel.
Hoje é o aniversário de cem anos do Grêmio. E é também o ano mais difícil de sua história. A pior campanha que já fez no Gauchão, um projeto fracassado na Libertadores e o rebaixamento muito próximo no Campeonato Brasileiro. Mas hoje é dia de lembrar não só esse ano, mas todos os cem. É dia de lembrar de Lara, do gol de André Catimba, do sangue escorrendo no rosto de De Léon, dos dribles e dos gols de Renato em Tóquio. É dia de lembrar que internacional é o Grêmio, já que o desempenho do rival em campeonatos internacionais é desprezível. Mas, antes de qualquer outra coisa, é dia de sentir a mística do Grêmio, esta força inexplicável que anima a história de glórias do tricolor.
Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. Nada pode ser maior.
(Texto publicado originalmente em 15 de setembro de 2003)
Viva o conservadorismo
Há alguns dias assisti ao filme "Beijando Jessica Stein" (Kissing Jessica Stein) e cheguei à constatação de que nós, homens, machos da espécie humana, temos muito a agradecer ao conservadorismo. Pior: é ele, e talvez só ele, que ainda nos permite desfrutar do inigualável prazer que é ser desejado por uma mulher.
Explico-me: o que somos nós homens perto das mulheres? Somos um modelo mal-acabado de ser humano. Somos um rascunho. Deus resolveu criar Eva porque quando terminou de fazer Adão ele disse: “Que merda eu fiz”!
Comparem-se, homens, com suas mulheres, suas mães, suas irmãs. Verão que enquanto nós somos brutos, peludos e grosseiros (mesmo que sejamos perfeitamente educados), elas são encantadoras, delicadas. Elas têm a pele mais fina, mais macia. São cheirosas. Fazem quase tudo que nós fazemos (e o que não fazem, como falarei adiante, já pouco importa), melhor do que nós, e ainda vestidas para parar o trânsito (enquanto nós, no máximo, estamos em um terno sem graça). São difíceis de entender sim, porque são complexas. E a complexidade é a marca da evolução. O simplismo masculino nada mais é do que a maior evidência de nosso primitivismo.
Nos últimos milênios, deixamos nossas mulheres em casa e construímos um mundo em que a natureza pode ser dominada pelo intelectual e não pela força física. Acabamos com a única função que tínhamos na natureza além de fecundá-las. Em um futuro próximo, talvez nem esta função tenhamos mais (cientistas homens, para seu próprio bem, parem de pesquisar qualquer coisa neste campo). Seremos, então perigosamente desnecessários. E, então, só o conservadorismo poderá nos salvar de passar o resto de nossos dias nos masturbando. Porque quando o conservadorismo não mais existir, as mulheres dar-se-ão conta do óbvio e preferirão se relacionar entre elas mesmas. E, com a técnica de fecundar umas as outras, só gerarão mulheres (o cromossomo Y sempre vem do pai, lembra?). E nós nos extinguiremos.
E, no dia em que o último homem der seu último suspiro, as nuvens se abrirão e do meio delas virá uma voz, a mesma que falou a Moisés, dizendo: “Finalmente alguém consertou a minha burrada”!
P.S.: Enquanto este dia não chega, ser homem é uma dádiva. Afinal, é de nós que elas gostam. Ainda...
P.S. 2: Não sou conservador. Muito pelo contrário. Mas não posso deixar de admitir que, nesse ponto, sou beneficiado pelo conservadorismo.
P.S. 3: O recurso à figura de Deus é apenas literário. Não tenho a intenção de ofender qualquer pessoa ou crença.
P.S. 4: Publicada originalmente em 12 de setembro de 2003.
P.S. 5: Eu acho essa mania te ficar escrevendo um monte de PSs depois do texto tão feia...
Blogosfera, aqui me tens de regresso...
Inicialmente vou postar textos antigos, do meu outro blog. Quando a inspiração aparecer, escrevo algo novo.
É isso. Divirtam-se com os textos, se conseguirem...